Resumo
A visão corrente sobre a Comunicação expressa claramente a definição empírica da
palavra, tal como aquela traduzida por Martini (2012) a título de referência: comunicar é alguém
dizer algo a outro alguém.1
Os “alguéns” que ocupam as pontas do processo de comunicação sofreram um
crescimento gigantesco no plano global, de tal forma que os produtores de conteúdos (os
emissores) dos/nos veículos clássicos de comunicação e, especialmente, das/nas redes sociais,
tiveram seu número grandemente aumentado a ponto de tornarem-se “anônimos na multidão”
de seus próprios pares e receptores, e, em consequência, senhores de seus conteúdos. Do outro
lado do processo, os fruidores (receptores) da mensagem em tempo real e/ou assíncrono,
experimentaram uma multiplicação exponencial tornando-se uma multidão quase incalculável
e senhores da interpretação dos conteúdos que lhes são franqueados.
O “algo” (mensagem) que comunicam é quase indelimitável tal a expansão dos
conteúdos promovida pelo avanço da autonomia autoral e a entrada do mundo da rede no
mercado comunicacional. A rede, além de se somar aos meios de comunicação clássicos, tem
cooptado a quase totalidade deles fazendo surgir dos processos de expansão nomeados, novas
realidades, produtos, conteúdos, enfim.
Esse alargamento de perspectivas promove e expõe o problema atual da comunicação:
o seu acontecimento exterior. Isso tem implicado na exclusão dos “alguéns” do processo em
favor em favor da máquina, das relações interpessoais do processo em favor dos dados, e assim
por diante. Trata-se da impessoalização da comunicação, da exclusão do homem daquele
relacionamento interpessoal guardado com zelo por judeus e cristãos de todos os tempos nas
páginas das Escrituras Sagradas